domingo, 16 de dezembro de 2012

Ato dos 30 anos da LIT: Blumenau presente!

Ato dos 30 anos da LIT reúne mais de 800 em Buenos Aires

Um dia para entrar na história. Não só na história da Liga Internacional dos Trabalhadores, mas de todas as mais de 800 pessoas que lotaram o salão Unione Benevolenza, em Buenos Aires. Um local que diz muito. "Esse é um espaço tradicional da classe operária argentina", destacou Alicia Sagra, dirigente trotsquista argentina que conduziu o ato de comemoração dos 30 anos da LIT.

Um ato que já começou arrancando lágrimas dos presentes. Após a exibição de um vídeo resumo do documentário sobre a história da LIT, bandeiras dos partidos que compõem a Liga entraram no salão, sendo agitadas sob os aplausos das centenas de pessoas, entre argentinos, brasileiros, chilenos, colombianos, e ativistas de várias nacionalidades que convergiram a Buenos Aires nesse 1 de dezembro.

Logo no início do ato, a ativista palestina radicada no Brasil, Soraya Misleh, anunciou a sua filiação ao PSTU e à LIT. Não conseguindo conter as lágrimas, Soraya disse que já começou a se emocionar assim que chegou ao aeroporto, para ir a Buenos Aires. "Encontrei uma palestina de Gaza e uma companheira da Cisjordânia, e esse encontro nunca seria possível, pois quem está em Gaza não pode visitar a Cisjordânia e eu não posso ir a Palestina pois estou na luta".

Soraya falou sobre a luta e os desafios do povo palestino: "O futuro da Palestina está nas mãos da juventude, mas ainda falta uma direção revolucionária". Também tocou no tema das revoluções árabes, cujo pólo principal hoje é a revolução síria. "O caminho da libertação da Palestina passa pela revolução árabe e a queda de Bashar Al Assad será um grande passo nesse sentido".

Eduardo Almeida, da direção do PSTU brasileiro, lembrou de um outro momento, também em Buenos Aires, há 25 anos atrás, quando da morte de Moreno e do início da crise que abalou a LIT. "Estávamos tristes, mas hoje estamos em Buenos Aires e estamos felizes". Eduardo citou o processo de fortalecimento da LIT e a expansão da Liga para os países da Europa, como Portugal Itália e Espanha e a intervenção desses partidos no atual processo de mobilização contra os planos de austeridade.

Eduardo citou ainda a importância do patrimônio moral que a LIT resguarda, assim como os príncípios do marxismo, num momento em que grande parte da esquerda socialista abandona a perspectiva da revolução.

"Esta é a maior homenagem que podemos fazer a Nahuel Moreno", discursou Eduardo Barragán, da direção do PSTU argentino. Barragán citou as atuais lutas dos trabalhadores europeus e as revoluções do Norte da África, que mostram hoje mais do que nunca a necessidade do internacionalismo e de uma direção revolucionária que permita que a classe operária "golpeia como um só homem a ofensiva do imperialismo e os ataques da burguesia".

Vera Lúcia, do PSTU de Aracaju, emocionou a todos falando sobre a necessidade da luta contra as opressões. "Gostaria de estar falando espanhol aqui, mas eu, assim como grande parte da classe trabalhadora, não tive condições de ter instrução", disse, enfatizando a condição de superexploração a que estão submetidas as mulheres, negras e lésbicas. Ao final de sua fala, todos puxaram um coro: "A nossa luta/é todo dia/contra o machismo, o racismo e a homofobia".


O final do ato ficou por conta de Angel Luís Parras, o Cabeças, da direção do Corriente Roja da Espanha e da LIT. "A situação atual é muito complicada, mas muito apaixonante", afirmou."Temos assistido a explosão das revoluções do Norte da África e Oriente, fruto da crise econômica e ascenso popular, mas também fruto dessa mudança que foi o fim do aparato estalinista. Submetidos à miséria e à ditadura, os povos irromperam o cenário político", citando a crise na Europa e as revoluções do Norte da África.

Cabeças atacou a posição de grande parte da esquerda e do castro-chavismo, de apoio ao ditador Assad na Síria. "Dizem que há uma unidade de ação entre os rebeldes e o imperialismo. Mas claro que houve. A mesma unidade de ação que houve no desembarque dos aliados na Normandia e os partisanos contra Mussolini".

"Neste ato, queremos enviar uma saudação a nossos detratores: sigam convocando atos em defesa de Assad, pois a LIT continuará na resistência" provocou Cabeças.

Cabeças finalizou citando a fé revolucionária que a LIT mantém na classe operária, a mesma esperança que a permitiu passar por crises e dificuldades, e que a possibilita agora, em plena crise do capitalismo, crescer e se fortalecer em vários países do mundo.

Veja os vídeos do Ato e entrevistas com militantes de vários países:



www.youtube.com/PortaldoPSTU


Veja as fotos do Ato: www.facebook.com/media/set/?set=a.378617748895528.90461.207518726005432&type=3

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A revolução Síria: não perguntes por quem os os sinos dobram

Valerio Arcary

“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo (…) E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” (John Donne)
“Será necessário que se reúnam condições completamente excepcionais, independentes da vontade dos homens ou dos partidos, para libertar o descontentamento das cadeias do conservadorismo e levar as massas à insurreição. Portanto, essas mudanças rápidas que as idéias e o estado de espírito das massas vivem nas épocas revolucionárias não são um produto da elasticidade e mobilidade da psíque humana, mas, ao contrário, de seu profundo conservadorismo(…) As distintas etapas do processo revolucionário, consolidadas pelo deslocamento de uns partidos por outros, cada vez más radicais, sinalizam a pressão crescente das massas para  a esquerda, até que o impulso adquirido pelo movimento tropeça com obstáculos objetivos. Então começa a reação: decepção de certos setores da classe revolucionária, difusão da apatia.” (Leon Trotsky)


O ano de 2011 inaugurou uma nova situação internacional com a onda de revoluções políticas no Magreb, transbordando em poucos meses para os países de língua árabe do Oriente Médio. Quando uma ordem econômica, social e política revela incapacidade para realizar mudanças por métodos de negociação, concertação ou reformas, as forças sociais interessadas em resolver a crise de forma progressiva recorrem aos métodos da revolução para impôr a satisfação de suas reivindicações. Essa foi a forma que assumiu a defesa de interesses de classe na história contemporânea.

Duas conclusões se impõem de forma irrefutável ao final de quase dois anos. Primeiro, o que aconteceu nas ruas de Túnis e Cairo, depois na Líbia, Bahrein, Yemen, e Síria, merece ser considerado como revolução no sentido pleno do conceito: uma irrupção representativa da vontade popular, com o objetivo de derrubar ditaduras corrompidas, regimes monstruosos de frações degeneradas de burguesias nacionais instaladas no poder há décadas.

Segundo, o processo revolucionário se estendeu na forma de uma vaga sincronizada que foi contaminando, em maior ou menor medida, a maioria dos países da região, pelo efeito arrebatador do exemplo das vitórias fulminantes na Tunísia e Egito. Que na Líbia e Síria a dinâmica do processo tenha evoluído para uma guerra civil nos diz mais sobre a contra-revolução do que sobre a revolução. Uma revolução que luta com armas nas mãos não é menos legítima, é mais heroica. Na Síria não está somente em disputa o destino da ditadura do clã Assad. Nas ruas de Damasco estão se dando neste momento combates cruciais para o futuro da revolução mundial.

Uma contra-revolução mundial
Já se disse que as próximas revoluções serão sempre mais difíceis que as últimas, porque a contra-revolução aprende depressa. A contra-revolução burguesa foi um dos fenômenos de dimensão mundial do século XX. As revoluções contemporâneas manifestam-se como revoluções na esfera nacional, mas esta aparência é uma ilusão de ótica que remete à centralidade da luta política imediata contra o Estado. As revoluções do século XX não enfrentaram somente os seus inimigos nacionais imediatos, mas a contra-revolução à escala internacional. As do século XXI terão desafios ainda mais complexos, e o primeiro deles é a necessidade do internacionalismo.

Os Estados se definem pela vigência das fronteiras nacionais, todavia a dominação mundial capitalista foi se estruturando, crescentemente, sobre uma institucionalidade mundial: o sistema internacional de Estados, ou seja, ONU, a Tríade (Estados Unidos, União Européia, Japão), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o G-8, o G-20, o Banco Mundial, o Banco de Compensações Internacionais de Basileia, etc.

As revoluções contemporâneas estiveram inseridas, desde o fim da Primeira Guerra Mundial, em contextos, pelo menos, regionais, ou semi-continentais, e assumiram a forma de ondas de expansão que cruzaram mais ou menos rapidamente as fonteiras nacionais. Por isso as revoluções contemporâneas merecem ser caracterizadas como processos de refração da revolução mundial.

A revolução mais recente pode ser interpretada, portanto, como “o futuro de um passado”, e começa onde a última foi interrompida. O ano de 2012 foi o ano em que a revolução na Síria chegou à sua hora decisiva. Combates se travam diariamente nas ruas de Damasco. Esta revolução incompreendida pela maioria da esquerda brasileira vive as suas horas decisivas. A solidariedade maior a Gaza durante as duas últimas semanas de novembro de 2012 demonstrou que está aumentando o isolamento político de Israel, e potencializando a resistência palestina. Os governos da França e Reino Unido se apressam a compreender a nova relação de forças e sinalizam a disposição de votar a favor de um novo estatuto para a Autoridade Palestina na ONU, contrariando o alinhamento incondicional dos Estados Unidos com Israel. A queda de Kadafi, portanto, não diminuiu a disposição de apoio à causa palestina na Líbia, ao contrário, aumentou. Não será diferente na Síria.

Fevereiros heróicos, mas intervalos mais longos até Outubros
Mas afirmar que têm sido revoluções políticas democráticas significa dizer, também, que não só não realizaram rupturas anticapitalistas, como destacar que a participação política dos trabalhadores não ocorreu ainda, predominantemente, de forma independente. Ou seja, remetendo a uma metáfora histórica ancorada na experiência da revolução russa, estamos diante de Fevereiros muito difíceis que sugerem ainda um longo intervalo antes que possam ocorrer Outubros.

Estas formas da revolução árabe não foram, historicamente, incomuns. As ditaduras do Cone Sul da América Latina – Argentina, Uruguay e Brasil – foram, também, desafiadas por mobilizações de massas entre 1982/1984. Estes processos sugerem que existe um padrão recorrente, se analisarmos a dinâmica política da época contemporânea. Parecem corresponder a duas regularidades:

(a) regimes ditatoriais em países periféricos em processo de urbanização podem se manter no poder, até por algumas décadas, mas serão derrubados por revoluções democráticas, mais cedo ou mais tarde, pelo surgimento de um bloco social muito mais poderoso do que a oligarquia arcaica que os sustentou: um  proletariado e uma classe média asssalariada plebéia massiva. A questão decisiva é se este bloco é dirigido pelo proletariado ou por frações burguesas dissidentes e seus aliados internacionais;

(b) o efeito exemplo do triunfo de uma revolução democrática, em uma época histórica em que a informação circula quase instantaneamente, acelerou a experiência política de massas, e funcionou como um gatilho que incendiou os países da região vizinha, produzindo uma internacionalização rápida da revolução.

A urgência da revolução
A história, contudo, não é sujeito, mas processo. O seu conteúdo é uma luta. Essa luta assume variadas intensidades. A revolução política é uma dessas formas, e a frequência maior ou menor em que ela se manifesta é um indicador do período histórico. Todas as revoluções contemporâneas tiveram uma dinâmica anticapitalista, maior ou menor, mas não foram todas elas revoluções, socialmente, proletárias. Todas as revoluções socialistas da história começaram como revoluções políticas, ou como revoluções democráticas, mas nem todas as revoluções democráticas transbordaram em revoluções sociais.


Estará em disputa a possibilidade da revolução no norte da África e do Oriente Médio abrir o caminho para segundas independências, com todas as sequelas que teria a perda de controle do imperialismo sobre as maiores fontes de abastecimento de petróleo, mas, também, a destruição das políticas públicas de bem estar social que ainda estão de pé na Europa Ocidental, ou a redução da Grécia, Portugal e, talvez, até da Espanha à condição de semi-colônias do eixo franco-alemão na União Européia.

O que condicionou, historicamente, a possibilidade de revoluções foi a pressão objetiva de crises de dimensões catastróficas. Mas, só a existência de crises nunca foi o bastante para que se iniciassem processos revolucionários.

Foi indispensável, igualmente, que a mentalidade de milhões de pessoas fosse sacudida pela experiência terrível de que não existiria mais esperança em saídas individuais. Somente quando a nova geração acordou para a inescapável constatação de que teria que aceitar condições de sobrevivência inferiores às dos seus pais, ou seja, somente quando o que era inacreditável em condições normais se impôs de forma incontornável, se precipitaram situações revolucionárias. A urgência da revolução voltou a ter significado político imediato. Mas não autoriza a conclusão de que o socialismo está mais perto. A luta pelo socialismo requer mais do que ações revolucionários contra o governo e regime no poder: exige protagonismo proletário independente e projeto internacionalista.

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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

História da LIT-QI é lançada em vídeo

Em janeiro de 1982 era fundada a Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional, numa época de grandes convulsões da luta de classes – revolução sandinista, no Irã, revolução política na Polônia, vitória do “socialista” Mitterrand na França, crise econômica mundial. Quais motivos levaram um “punhado” de representantes de vários países a se reunir numa conferência e fundar uma nova organização trotskista internacional? Quem participou, quais países, quais foram as principais decisões?

Em 1985 foi realizado o primeiro congresso da LIT, o único que teve a participação de Nahuel Moreno, o fundador da corrente que passaria a ser conhecida como “morenista”. O que disse Moreno neste congresso? Qual avaliação a LIT fazia da conjuntura mundial de então? Como estavam os partidos da LIT pelo mundo?

Em 2010 é realizado o XX Congresso. Quase 30 anos haviam passado desde sua fundação. Neste período a Liga Internacional conheceria períodos importantes de crescimento de seus partidos, que chegou a ter no MAS (Argentina) o maior partido trotskista do mundo, e períodos de muita crise, como a que quase fez a organização desaparecer nos anos 90, período em que a restauração capitalista nos antigos estados operários confundiu a maior parte da esquerda, com a dissolução da antiga URSS. Mas as bases fundacionais da LIT-CI eram sólidas e ela se reconstruiu e hoje numa nova situação mundial, vive um período de desenvolvimento, com partidos que se inserem na realidade viva da luta de classes na América Latina e na Europa e no qual enfrenta grandes e novos desafios.

Toda esta rica história pode ser agora vista em um vídeo, produzido pela equipe de comunicação do PSTU (Brasil) – sob a coordenação de Lu Cândido – que conta em 46 minutos os fatos que levaram à fundação da LIT-QI, sua evolução, seus “altos e baixos” e o resultado desta luta que leva 30 anos, para a construção de uma internacional centralizada democraticamente, com congressos regulares e direção eleita pelos delegados presentes e que tem o objetivo estratégico de reconstruir a Quarta Internacional tal como fora idealizada por Leon Trotsky: o partido mundial da revolução socialista.

Um trailer do vídeo (que você pode assistir aqui) será apresentado no Ato Internacional de comemoração dos 30 anos da LIT-QI, a ser realizado neste 1º de dezembro em Buenos Aires, quando será iniciada a vendagem do vídeo, narrado em duas línguas – português e espanhol.

Não deixe de adquirir sua cópia, que pode ser encontrada nas sedes e com os militantes dos partidos aderentes à LIT-QI em seu país.



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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Quais as “novidades” na eleição de 2012?

Foram poucas as novidades que a eleição de 2012 trouxe. A oposição de direita (DEM, PSDB, PPS, etc..) foi derrotada, e os partidos governistas (de modo especial o PT) se fortaleceram. Uma pequena fatia do eleitorado brasileiro começa a votar na oposição de esquerda. O PSOL foi o principal beneficiado por esta pequena fatia eleitoral, crescendo bastante em termos de participação no parlamento, e chegando a governar uma capital. Nós, do PSTU, tivemos algumas pequenas vitórias (2 vereadores) que nos orgulham muito, pois foram vitórias eleitorais de quem não participou do jogo sujo das eleições.

Em Blumenau talvez tenhamos que citar como novidade a ausência da candidata Ana Paula (PT) no segundo turno: algo a ser mais bem explicado com o tempo! Mas, de qualquer forma, a vitória do tucano Napoleão Bernardes deixa tudo tranqüilo para os empresários locais, da mesma forma que se Jean (PSD) ou Ana Paula tivessem ganhado, também a tranqüilidade seria o sentimento da burguesia.

Novidade mesmo, de verdade, foi apenas a presença de uma pequena candidatura a vereador: Giovani Zoboli! Sem pegar um centavo sequer de empreiteiros, industriais e comerciantes, esta candidatura dirigiu-se aos trabalhadores blumenauenses, de modo especial aos operários têxteis, aos funcionários dos correios e bancários em greve, e a juventude. Uma candidatura isolada das demais que se diferenciou pela defesa dos direitos dos homossexuais, da necessidade de organizar os trabalhadores de forma autônoma, da necessidade de mobilizações como saída para a realidade exploradora.


E isto já foi o suficiente para gerar a ira dos homofóbicos do poder constituído e dos patrões, que não se fizeram de rogados para tirarem do ar os poucos minutos de televisão a que o PSTU tinha direito. Está aí a prova cabal do que sempre dizemos: as eleições não são democráticas tanto quanto se fala! Que a violência seja tratada como algo corriqueiro nas novelas, isso não causa indignação a ninguém. Mas que um beijo gay seja mostrado no horário nobre, isso é escandaloso deve ser proibido pela moral vigente.

Os 268 votos na candidatura Giovani representam votos de quem não se deixa iludir pela falsa pregação de que as eleições resolverão os problemas dos trabalhadores, de que o voto é a saída “democrática”.

Novidade também foi a candidatura a prefeito lançada pelo PSOL em conjunto conosco. Desde muito tempo o PSOL falava em lançar o operário e líder sindical metalúrgico Hartmut Kraft para prefeito, chegando inclusive a dizer-nos que não abririam mão deste candidato. Uma vez que nós do PSTU aceitamos esta imposição, em nome de mantermos a unidade dos dois únicos partidos de esquerda de Blumenau, fomos surpreendidos com a mudança do nome do PSOL para Osni Wagner! Mais uma vez, resignados, aceitamos, pois o oposto seria a liquidação definitiva desta que seria a única possibilidade de termos uma candidatura em conjunto dos partidos socialistas locais.

Para nossa surpresa, uma das poucas novidades desta eleição em Blumenau se deu sob os nossos queixos: a candidatura Osni Wagner cumpriu um papel nefasto na conjuntura! Após várias “escorregadas” (reunião fechada com a ACIB, reiterados convites a Napoleão para ser secretário de governo, defesa de um programa burguês de desenvolvimento econômico e social, fatos estes que já seriam suficientes para que criticássemos a candidatura majoritária da Frente de Esquerda), ainda ficamos estupefatos com outras duas “pérolas”, quais sejam: a) A Candidatura Osni colocou-se de forma incondicional ao lado da homofobia no episódio da retirada do ar de nosso programa televisivo sobre as opressões; e b) Osni serviu de ajudante da candidatura petista e burguesa de Ana Paula nos dois últimos debates televisivos.

Ainda que sem a ajuda financeira da burguesia (o que merece um aparte elogioso), o fato é que a candidatura Osni Wagner para prefeito cumpriu em Blumenau a mesma trajetória e o mesmo papel de outras candidaturas majoritárias do PSOL na maioria das cidades brasileiras: o caminho da guinada á direita para o sucesso eleitoral! Em outras cidades, de modo especial em Belém e em Macapá, este partido não só sustentou suas candidaturas com dinheiro burguês, como também se aliou ao PT de Dilma e Lula, ao DEM, ao PTB de Collor, ao PMDB de Sarney e ao PSDB de FHC. Em Blumenau, não foi diferente! Lamentamos que tenha sido assim, lamentamos que não tenhamos tido forças para evitar que isto ocorresse sob os nossos olhares de espanto!

Para nós do PSTU, CONCLUIDO O TEATRO ELEITORAL, A VIDA (E, PORTANTO, A LUTA) CONTINUA! VENHA CONOSCO!


Blumenau, 15 de novembro de 2012

Dia de greve geral mobiliza trabalhadores de 23 países da Europa

14N Huelga General - plaza Colón, Madrid!

Greve contra os cortes da troika e a política de austeridade dos governos é forte em Portugal, no Estado Espanhol, e atinge também Grécia e Itália


Greve geral parou Portugal nesse 14 de novembro
• O dia de greve geral unificada na Europa neste 14 de novembro já pode ser considerado um marco na luta dos trabalhadores europeus contra a política de cortes e austeridade imposta pela troika (Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia). Inicialmente convocada em Portugal, ela teve adesão no Estado Espanhol e posteriormente na Grécia, que realizou greve parcial de 3 horas, e Itália (que paralisou por 4 horas). O 14-N contou ainda com mobilizações na Inglaterra, França e em pelo menos 23 países do continente.

Maior greve de Portugal
Em Portugal, a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses) estima que o 14-N tenha sido “uma das maiores greves gerais já realizadas” no país. Apesar da outra grande central no país, a UGT, ter se negado a convocar a greve, vários sindicatos da base aderiram à paralisação contra os cortes do governo de Passos Coelho.

Como ocorre tradicionalmente, o setor dos transportes foi a vanguarda da greve, que teve também a participação dos trabalhadores bancários, o que não havia acontecido nas greves anteriores. Os serviços públicos, escolas e universidades também pararam quase que completamente no país. Cerca de 200 vôos foram cancelados devido à greve. Ao final do dia, a polícia reprimiu violentamente os manifestantes que protestavam próximo ao Parlamento.

A greve geral em Portugal ocorre no mesmo dia em que é anunciado o mais novo recorde nos índices de desemprego do país, de 15,8% da população. Entre os jovens (entre 15 e 24 anos), essa situação é ainda mais dramática, atingindo 39% dos portugueses. Apesar disso, o governo aprofunda sua política de cortes e flexibilização de direitos.

Mobilização e repressão no Estado Espanhol
O 14-N começou forte também no Estado Espanhol. As centrais sindicais estimam a adesão à greve geral em mais de 75%, o que significa quase seis milhões de trabalhadores de braços cruzados em todo o país. A paralisação atingiu principalmente a grande indústria, com impactos importantes na siderurgia, indústria química e construção. O setor dos transportes e público também parou. Pelo menos 202 vôos foram cancelados.

A greve geral no Estado Espanhol se enfrentou com a repressão policial, como em Madri e Barcelona, com o saldo de 82 feridos e 34 detidos até o fechamento desse texto.

Repressão a protesto em Madri


Enquanto as centrais sindicais CCOO (Comisiones Obreras) e UGT (Union General de Trabajadores) reivindicam um programa rebaixado, como a convocação de um referendo sobre os cortes e a exigência de uma “negociação” entre o governo de Mariano Rajoy e o congresso, o sindicalismo classista e alternativo se lança à greve exigindo o não pagamento da dívida, o fim dos cortes, não ao pacto social e a “demissão” do governo.

Em Madri, a plataforma "Toma la Huelga" (que reúne grupos como o 15-M e a coordenação do 25-S) fez um chamado para que a greve não se limite aos locais de trabalho, mas para que se ampliem e parem toda a cidade. A convocatória insta ainda o cercamento do Congresso no final do dia.

Estudantes promovem marcha em Roma

Mobilizações estudantis e repressão na Itália
O dia foi também de fortes protestos na Itália. Milhares de estudantes foram às ruas contra os cortes na Educação em 87 cidades no país. Houve repressão e enfrentamentos com a polícia em cidades como Roma, Turín e Milão.

Apesar das limitações e bloqueios interpostos pelas burocracias das cúpulas sindicais, o 14-N representa a primeira ação de resistência articulado e unificado entre os países da Europa, colocando a resposta dos trabalhadores à crise num novo e inédito patamar.





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Valério Arcary escreve sobre o 14-N: o dia em que o internacionalismo ressurge como força social e política

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www.litci.org/pt

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ativista da Revolução Síria Sara Al Suri fala sobre a ditadura de Bashir Al Assad




Ativista da revolução síria faz maratona de debates pelo país

A militante da revolução síria Sara Al Suri está no país e vai participar de uma série de debates sobre a insurreição que enfrenta a ditadura de Bashir Al Assad. Sara vai relatar a luta do povo sírio contra a ditadura, o massacre perpetrado pela família Assad, além do caráter e das polêmicas que rondam a oposição síria e o Exército Livre da Síria.

O tema da revolução síria está sendo alvo de polêmicas na esquerda mundial, já que uma parcela importante como o castro-chavismo e setores islâmicos como o Hezbollah, prestam apoio à ditadura. Ou seja, além da dura repressão da ditadura Assad, os ativistas sírios enfrentam um lamentável isolamento na esquerda mundial.

Convidada pela CSP-Conlutas e outras entidades, Sara vai estar no próximo dia 8 de novembro no Rio de Janeiro, dia 9 em Belo Horizonte, e dia 10 em São Paulo. No dia 13 participa de um debate em São JOsé dos Campos (SP) e dia 17 da Assembleia nacional da ANEL, em Maceió.

Outras atividades ainda estão sendo agendadas.

Confira a programação:

  • Dia 8 de novembro, Rio de Janeiro: O debate ocorre às 18h30 na rua Joaquim Silva, 98-A, sede do Sindsprev-RJ.
  • Dia 9 de novembro, Belo Horizonte: Na capital mineira, o debate ocorre às 11h na Fafich (UFMG) e às 19h, no Sind-Rede, na Av. Amazonas 491, 10º andar, no centro.
  • Dia 10 de novembro, em São Paulo, durante a reunião estadual da CSP-Conlutas
  • Dia 13 de novembro o debate ocorre em São José dos Campos
  • Dia 17 em Maceió Durante a Assembleia Nacional da ANEL. Universidade Federal de Alagoas- (UFAL)
  • De 19 a 23/11 - Nordeste
  • Dias 27 e 28/11 – Brasília
  • De 29/11 a 03/12 – Porto Alegre: Fórum Social Mundial / Palestina
  • Dia 4/12 – Florianópolis (SC)
  • Dia 5/12 – Curitiba (PR)
  • Dias 10 a 13/12 – Região Norte, incluindo o Maranhão (NE)


(Última atualização 07/11)

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Algumas palavras do povo Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul





Réquiem para um trânsfuga

José Dirceu, ex-líder estudantil e ex-guerrilheiro
Zé Dirceu passou para o lado do inimigo, apoiou a reforma da Previdência e, por fim, meteu-se em um caso de corrupção

Jerônimo Castro, de Contagem (MG)

• O julgamento do mensalão está chegando ao fim. O resultado final será a condenação de quase toda a antiga cúpula política do PT, bem como de várias de suas figuras públicas. Com a exceção de Lula.

O motivo da condenação parece legítimo: corrupção ativa, compra de votos no parlamento, desvio de dinheiro público e um longo etc. Uma boa parte da grande imprensa apresenta as condenações como um novo momento da política brasileira. Finalmente, dizem, os casos de corrupção são julgados e os corruptos condenados, podendo inclusive ir para a cadeia.

Os juízes do Supremo Tribunal Federal que estão à frente do julgamento são apresentados como heróis que enfrentam a corrupção e os poderosos em uma tentativa de “passar o Brasil a limpo”. No entanto, parece necessário fazer uma análise mais profunda de todo o processo e de seus condenados. Não apenas de sua trajetória política, mas inclusive a serviço do quê eles corromperam ou foram corrompidos.

O mais notório dos condenados, José Dirceu, tem uma das mais notáveis biografias políticas do Brasil. Líder estudantil no começo da ditadura, preso no congresso da UNEne de Ibiúna, trocado pelo embaixador Charles Burke Elbrick em Setembro de 1969, exilado em Cuba, fez treinamento guerrilheiro e virou dirigente da fração esquerdista da ALN, conhecida como Grupo Primavera, que preconizava a volta para o Brasil e a continuidade das ações militares contra a ditadura.

Desapareceu do cenário político em meado dos anos 70, escondendo-se no interior do Paraná onde levou uma vida clandestina na pequena cidade de Cruzeiro do Oeste. Incólume, nem mesmo sua esposa sabia sua verdadeira identidade. Com o fim da ditadura e a anistia voltou à cena para ajudar a fundar o Partido dos Trabalhadores.

Neste partido dirigirá sua fração mais à direita, a Articulação, e será sempre o homem que busca um programa moderado e que dialogue com setores burgueses. Vai ser José Dirceu quem perseguirá até à expulsão a Convergência Socialista, será o mesmo José Dirceu quem defenderá à época do plano cruzado de José Sarney que o PT deve ser a ala esquerda dos “fiscais do Sarney”. Será José Dirceu que lutará até conseguir a frente com José Alencar para as eleições de 2002.

No poder, será o ministro da Casa Civil e, segundo alguns, a eminência parda do governo Lula.

Se alguém pode ganhar o prêmio por domesticar o PT, transformá-lo em partido da ordem e em baluarte do regime democrático burguês, esse alguém, sem sombra de dúvida, é José Dirceu. Mais incrível ainda, uma das mais importantes compras de votos feita pelo esquema de José Dirceu foi justamente para aprovar a reforma da Previdência Social, um ataque brutal contra os trabalhadores e amplamente apoiado pela burguesia e a sua mídia.

Por outro lado não é necessário ter muita inteligência nem ser um “expert” em política para se dar conta que somente um lado está sendo julgado. O PSDB e o PMDB têm muito mais culpa no cartório, ou pelo menos tanta culpa quanto o PT e seus ex-dirigentes agora condenados. A pergunta é, por quê?

A Burguesia não perdoa nem esquece
A condenação de Zé Dirceu não tem a ver com seu presente. Atualmente, poucos políticos fizeram tanto pela estabilidade da dominação burguesa e pela defesa do status quo vigente.

Também é indiscutível que Zé Dirceu não é mais corrupto que a maioria dos grandes políticos burgueses tradicionais. Maracutaias como a das privatizações, da reeleição de FHC, entre outras, deixam claro que o pudor da burguesia em relação à roubalheira do Estado é nula ou muito próxima a isso.

No entanto, Zé Dirceu e uma parte de seus comparsas no mensalão têm um passado. E é isso que é necessário matar. Diferentemente dos demais corruptos do país, públicos e privados, ativos e passivos, José Dirceu é uma nota dissonante na política brasileira, não pelo seu presente, integrado à ordem, mas por seu passado de dirigente estudantil, líder guerrilheiro e organizador de um partido, que em suas origens esteve contra a ordem vigente.

A burguesia, como todos os setores dirigentes, prefere sempre corromper e cooptar seus inimigos a liquidá-los. Um ex-inimigo domesticado é sempre um troféu melhor que um ex-inimigo morto. Na política essa verdade tem, digamos, uma dimensão ainda mais ampla. Corromper e cooptar um dirigente inimigo significa não apenas ganhar um novo “aliado” e enfraquecer a parte contrária, significa também desmoralizar as “tropas” inimigas. Quando se trata de um enfrentamento onde não são meramente setores distintos de uma mesma classe que se enfrentam, mas onde os “inimigos” representam, ainda que apenas no imaginário das classes, a classes opostas, esta conquista, o ato de cooptar ou corromper a um dirigente inimigo toma uma dimensão ainda maior.

Diferentemente da burguesia, o proletariado forma muito menos quadros e dirigentes. Isso é inevitável na sociedade capitalista. A classe trabalhadora é embrutecida permanentemente com drogas, religião, novelas, publicações de baixa qualidade, todo tipo de pornografia, etc. Por outro lado a qualidade do ensino que lhe é oferecida é cada vez mais baixa e tecnificante. Para cada quadro formado na sociedade burguesa que se passa para, ou tem origem no proletariado, deve haver centenas que são de origem burguesa e continuarão a servir à burguesia.

O peso de um quadro operário, dedicado à causa da classe trabalhadora, dentro do movimento operário é muito superior ao peso de um quadro burguês dedicado à causa burguesa. A escassez também é um elemento da valorização de qualquer produto. Quando um destes quadros dirigentes cai, é inevitável que o lado oposto se regozije. Mas é necessário não criar mitos. Um morto sempre é um símbolo, o perseguido de hoje será o mártir inspirador de amanhã.

José Dirceu foi, pois, o trânsfuga perfeito. Passou-se para o lado do inimigo, apoiou coisas tais como a contra-reforma da Previdência, perseguiu a esquerda de seu próprio partido e, finalmente, meteu-se em um dos mais asquerosos processos de corrupção da história do país. O trânsfuga prestou este último serviço à burguesia, o de desmoralizar seu próprio exército antes da já inevitável queda. José Dirceu cumpriu o triste papel de confirmar aos olhos da classe trabalhadora a máxima, que a burguesia se esforça para legitimar, de que “são todos iguais” e de que no fim das contas todos os políticos só pensam em si mesmos.

A queda de José Dirceu, inevitavelmente, arrasta consigo uma parte das melhores esperanças de classe trabalhadora: a de que seus representantes fariam outro tipo de política.

Sem romper com a burguesia não há solução para a corrupção
O degradante espetáculo público do julgamento do STF, que já foi chamado com razão de BBB, e junto com ele a ridícula caricatura dos juízes togados tentando se colocar acima do lamaçal da sociedade burguesa, entorpecerá mais de um coração nestes dias.

Já há quem fale que Joaquim Barbosa deveria ser candidato a presidente da República. O sistema se recria todos os dias. Os mensaleiros do PT ajudaram a que este triste espetáculo pudesse ser representado sem que a burguesia precisasse cortar mais profundamente entre seus quadros prediletos.

No entanto, para além dos efeitos imediatos, é bom que a esquerda, em especial aquela que se julga revolucionária, e mais ainda a nova esquerda “post” PT, tire lições da adaptação parlamentar e do vale tudo eleitoral.

Acreditar que é possível ganhar eleições e governar junto com a burguesia e não ver que isso levará inevitavelmente a usar e se misturar com seus métodos de fazer política, leiam-se corrupção, chantagem e roubo, é no mínimo ingenuidade. E como dizia Lênin, “em política ingenuidade é crime”.

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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Amanda Gurgel fala de expectativa para assumir cargo na Câmara de Vereadores de Natal




psturn.blogspot.com

Jornalista burguesa fica decepcionada triste com PSTU


Panorama Político
por Anna Ruth Dantas (jornalista da Tribuna do Norte)


Leia a nota oficial do PSTU em Natal


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PSTU rompe com frente em Belém e chama voto crítico em Edmilson Rodrigues (PSOL)




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Cleber: dos canteiros de obra para a Câmara




Drama dos Guarani e Kaiowá expõe extermínio indígena no país

Indígenas ameaçados de despejo pela Justiça Federal estão encurralados entre pistoleiros e a omissão do Governo Federal

Da redação

Protesto contra despejo determinado pela Justiça Federal

• Enquanto o país se distrai com o festival de mentiras e hipocrisia que domina o segundo turno das eleições municipais, uma verdadeira tragédia social ocorre com uma das comunidades mais visadas com a política de extermínio indígena há décadas implementada no Brasil. Um grupo da tribo dos Guarani-Kaiowá no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, tem a sua existência ameaçada e grita por socorro.

Os 173 indígenas (50 homens, 50 mulheres e 73 crianças) acampados à margem do córrego Hovy desde agosto de 2011, além da miséria, das permanentes ameaças por parte dos pistoleiros que agem a mando dos fazendeiros, do suicídio em massa provocado pelo abandono e falta de perspectivas, enfrentam agora também uma ordem de despejo da Justiça Federal de Naviraí (MS). Uma carta desesperada dos indígenas encaminhada ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a parlamentares, expõe de forma dramática a situação a que estão submetidos os Guaranis-Kaiowás.

“Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais”, afirma a mensagem, ditadas durante a assembleia dos Guaranis-Kaiowás, o Aty Guasu.

A mensagem, que tomou as redes sociais, está provocando uma indignação coletiva tal como ocorreu durante a desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP) no início do ano. ”Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS”, diz o trecho final da mensagem, que expressa o ceticismo com uma Justiça e um governo que só beneficiam os grandes proprietários de terras.


Ato em Brasília contra o genocídio dos Guarani e Kaiowá

Genocídio indígena 
O drama sofrido pelo grupo ameaçado de despejo revela o genocídio que os indígenas estão sofrendo no Brasil. Segundo dados do CIMI, entre 2003 e 2010, nada menos que 555 indígenas dos Kaiowá e Guarani cometeram suicídio pela situação de abandono, desesperança e violência cotidiana. Desde 1980, 1500 tiraram a própria vida. A tribo, segundo maior grupo indígena do país com 43 mil pessoas, está cada vez mais encurralada pela expansão desenfreada das plantações de soja e cana, vivendo em áreas que somam apenas 42 mil hectares.

Ao mesmo tempo, o Governo Federal mostra-se conivente com o extermínio indígena, mantendo-se omisso diante desse desastre humanitário. Ainda segundo o CIMI, desde 1991, apenas oito terras indígenas foram homologadas aos Kaiowá Guarani.

É preciso que o Governo Dilma intervenha imediatamente em Iguatemi a fim de que não se repita o que ocorreu no Pinheirinho, e impeça mais uma tragédia. Ao mesmo tempo, o governo deve parar de priorizar os interesses dos grandes latifundiários e avançar na demarcação e homologação das terras indígenas.


Uma em cada três oficiais foi estuprada nas Forças Armadas dos EUA

A probabilidade de ser estuprada por companheiros é maior do que a de sofrer um ataque terrorista


A rotina das mulheres norte-americanas que servem nas Forças Armadas é repleta de perigos: elas têm de enfrentar o risco, diariamente, de atentados contra os seus batalhões e bombas plantadas além de outros desafios intrínsecos aos conflitos armados. No entanto, essas militares também sofrem com a violência dentro dos próprios quartéis e muitas vezes, não tem a quem recorrer.

A oficial Rebekah Havrilla conta que já estava preparada psicologicamente para a possibilidade de morrer em um ataque terrorista no Afeganistão, mas não para ser estuprada por muitos de seus colegas e superiores nas bases e campos militares dos EUA. Na primeira vez em que foi assediada, o líder de seu grupo se aproximou por trás, mordeu com força o seu pescoço e disse “Eu quero muito te foder agora”. Dias depois, outro colega a estuprou.

Tia Christopher, que se alistou na Marinha em 2000, passou por uma situação muito similar apenas dois meses depois de ter entrado na organização. Em uma noite quando estava entrando em seu quarto para dormir, um companheiro do batalhão militar invadiu o local e a estuprou, batendo sua cabeça várias vezes contra a parede. Assustada e com apenas 18 anos, a aspirante a oficial se livrou de todas as provas contra o companheiro que continuou a assediá-la.

O caso dessas duas mulheres norte-americanas não é excepcional nem muito diferente de suas companheiras militares. O jornal norte-americano Huffington Post divulgou essa e outras histórias, além de dados sobre a ocorrência de estupros dentro das Forças Armadas dos EUA, em uma reportagem especial neste sábado (06/10).

De acordo com dados do Departamento de Defesa, pelo menos uma em cada três mulheres entre as 207 mil do corpo militar norte-americano já foi vítima de estupro e/ou outros abusos sexuais. O índice de ocorrência é o dobro do que ocorre, em média, na sociedade do país, onde uma em cada seis mulheres já sofreu violência sexual.

Entre outubro de 2010 e setembro de 2011, cerca de 3,2 mil estupros dentro das Forças Armadas dos EUA foram denunciados, mas o Pentágono calcula que dentro deste período, pelo menos 19 mil abusos sexuais entre colegas aconteceram. Apesar de autoridades explicarem que a violência não acontece apenas contra mulheres, o grupo feminino representa a grande maioria.

Isso significa que o risco de uma militar norte-americana ser estuprada no período de um ano dentro das Forças Armadas é 180 vezes maior do que o de ser morta em combate no período de onze anos no Iraque ou no Afeganistão, informou o Huffington Post.

Os dados disponibilizados pelo governo norte-americano também apontam que a maior parte dos estupradores é homem com mais de 25 anos e que possui posição hierárquica mais elevada do que a da vítima. Estas informações explicitam que o caso de Rebekah e Tia longe de serem exceções, representam o padrão da violência dentro das Forças Armadas.

Enfrentando a estrutura
Mesmo triste e assustada, Tia decidiu lavar os lençóis, roupas e tudo o que pudesse indicar que havia sido vítima de estupro. A aspirante a oficial decidiu que não levaria essa história adiante, apesar de saber que o seu colega poderia violenta-la novamente. Ela apenas mudou de ideia, de acordo com entrevista ao Huffington Post, quando soube que este mesmo militar estuprava outras garotas.

Outra oficial tentou desencorajá-la de denunciar o estuprador para seus superiores, mas Tia foi adiante com o seu plano e acabou por esbarrar na estrutura judicial militar. “Então, me diga mais uma vez, qual era a cor da sua calcinha quando você foi estuprada?”, teria perguntado o oficial responsável pela investigação de acordo com sua entrevista ao Huffington Post.

Segundo dados do governo dos EUA do ano 2011, apenas 240 das 3,2 denúncias foram para o tribunal e destas, somente 6% resultaram em sentenças condenatórias. A grande parte dos estupradores condenados teve que pagar multa ou, no pior dos casos, foi rebaixado na carreira.

Em muitos casos, a vítima não denuncia a violência sexual porque a pessoa para quem devem denunciar é o próprio estuprador e em outros, a alta patente do agressor impede a continuidade das investigações. O processo de Claire Russo, que envolveu alto grau de violência, foi interrompido porque os Fuzileiros Navais não gostam de “lavar roupa suja em publico”, informou ela ao Huffington Post.

Em 2004, Claire foi sedada por um capitão que a violentou brutalmente. Segundo informações de seu processo judicial, a oficial tinha hematomas em suas nádegas, vagina e lábio, além de machucados em seu ânus.

“No fim, foi-me dito pelo comando direto que a sodomia – forçada ou não - não é crime segundo o Código Militar de Justiça (UCMJ na sigla em inglês) de modo que eu não poderia prestar queixa”, disse Claire ao Huffington Post.

E o governo?
No dia 27 de setembro, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, ordenou uma mudança no treinamento militar das diferentes corporações que compõem as Forças Armadas. Um de seus objetivos é o de prevenir a violência sexual dentro dos quartéis, que atinge níveis preocupantes em algumas localidades. Não é a primeira vez, no entanto, que o governo tenta acabar com o problema.

Em 2005, o então secretário de Defesa Donald Rumsfeld também exigiu a reformulação dos programas de formação militar. "A meta do Departamento de Defesa é uma cultura livre de abuso sexual, por meio de um ambiente de prevenção, educação e treinamento, de apoio à vítima e de responsabilização apropriada", afirmou o órgão na época. Desde então, milhares de mulheres continuam a ser violentadas pelos próprios oficiais.

Mineradora anuncia demissão de 8.500 mineiros sul-africanos em greve

A companhia mineradora Gold Fields anunciou nesta terça-feira a demissão de 8.500 trabalhadores das minas sul-africanas em KDC East, nas proximidades de Johanesburgo, devido a uma greve ilegal iniciada há dez dias.

Segundo um anúncio da própria empresa, os trabalhadores ignoraram o ultimato lançado na sexta-feira passada para que voltassem ao trabalho hoje.

“Despedimos 8.500 trabalhadores nesta tarde porque não obedeceram ao ultimato que demos na sexta-feira passada”, disse o porta-voz da empresa, Sven Lunsche, à agência de notícias sul-africana “Sapa”.

No entanto, a companhia garantiu que os trabalhadores despedidos têm 24 horas para apresentar recurso para a demissão e esperam que a maioria deles o faça.

Lunsche afirmou, além disso, que não ocorreram incidentes violentos por causa das demissões, mas que a polícia e os responsáveis pela segurança das minas estão em alerta.

A Gold Fields afirmou, além disso, que um tribunal já declarou a greve como ilegal e ordenou que os trabalhadores voltassem a seus postos, e garantiu que fez uma campanha exaustiva para encorajar os mineiros em greve a obedecerem esta ordem.

Há três semanas, outra empresa mineradora, anunciou a demissão de 12 mil trabalhadores das minas de platina em Rustenburgo, que também tinham iniciado uma greve ilegal.

Mineiros de ambas as empresas realizaram um protesto similar ao dos trabalhadores da mina de Lonmin, ocorrido no dia 10 de agosto em Marikana e que resultou em um aumento salarial de 22%, após seis semanas de inatividade.

A sangrenta greve em Marikana, na qual morreram 46 pessoas, 34 delas por disparos da polícia, levou a uma onda de ações sindicais ilegais nas empresas mineradoras da África do Sul, que também se estenderam para o setor de transportes e para uma fábrica de montagem de carros.

O massacre policial de Marikana fez a África do Sul reviver os episódios mais violentos do apartheid, o regime de segregação racial imposto pela minoria branca sul-africana até 1994. O governo estabeleceu uma comissão judicial de investigação sobre os fatos.

Fonte: Agência EFE

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A única alternativa para os trabalhadores é o voto nulo


Mesmo com toda propaganda do PT de que a vida da população mudou e que a Presidenta Dilma está de braços abertos para ajudar a todos, nós trabalhadores sentimos na pele a dura realidade das filas em hospitais, dos baixos salários e endividamento, da falta de creches, entre outros problemas. Mas para os grandes empresários o PT tem ajudado muito, tanto que Ana Paula (PT) e Napoleão (PSDB) receberam dinheiro da Weg e da Construtora Stein.

Para mostrar a vida como ela é, para mostrar que Jean Kuhlmann, Ana Paula e Napoleão são os candidatos dos ricos e poderosos, o PSTU lançou a candidatura de Giovani Zoboli na Frente de Esquerda com o PSOL. Fizemos uma campanha vitoriosa junto com os trabalhadores, sem dinheiro de patrões!

O PSTU, como parte da Frente de Esquerda, realizou uma campanha alertando a classe trabalhadora que não existe solução para nossos problemas se governarmos com os patrões com a prioridade: “Chega de governar para os ricos! Blumenau para os trabalhadores!!”

Denunciamos o absurdo aumento de 35% do salário dos vereadores, apresentamos um programa classista em defesa do emprego dos operários têxteis e não rebaixamos nosso programa diante da violenta opressão que as mulheres e homossexuais sofrem no dia-a-dia, além do chamado para que os estudantes se mobilizem pela Furb Federal.

Agora no segundo turno chamamos o PSOL, a defender o voto nulo, pois só restam candidatos dos grandes empresários, que são os mesmos que junto com a presidenta Dilma (PT) mantém a saúde e a educação nesta situação terrível, enquanto privatizam patrimônio público como a SAMAE, os Correios e aeroportos.


PSTU Blumenau

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Pauta LGBT nas eleições 2012

bandeira-lgbt
Uma cidade para os trabalhadores é uma cidade de combate à Homofobia

Secretaria Nacional LGBT do PSTU
As eleições deste ano trazem um importante e inédito fato para os LGBTs: um número recorde de candidaturas em todo o país. Segundo a ABGLT (Associação Brasileira de LGBTs), há uma candidatura gay ao cargo de prefeito em João Pessoa-PB, e no interior e nas capitais são 155 candidatos (as) a vereador em 24 estados. Só não há candidatos LGBT nos estados do Acre e Mato Grosso. No total, são 85 candidaturas gays, 25 lésbicas, 24 transexuais, 16 travestis, quatro bissexuais e uma drag queen.

Estes números, aos olhos de qualquer pessoa minimamente preocupada com o problema das opressões, em especial com a homofobia, pode parecer um avanço. Por isso, nós do PSTU, queremos deixar registradas nossas posições e fazer um chamado a todos LGBTs e à sociedade de conjunto para que não nos iludamos com as promessas dos velhos partidos patrocinados pelas velhas oligarquias e para que não achemos que nossos direitos serão atendidos através de promessas fáceis.

O primeiro elemento de nossa análise é o fato de que a maioria dessas candidaturas não expressam em sua plataforma política as principais bandeiras de luta do movimento LGBT brasileiro, como a luta contra o massacre violento que sofremos ano após ano. A maior parte dessas candidaturas não expressa a luta cotidiana em prol da aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC-122/06), não denuncia o veto de Dilma ao kit “Escola sem Homofobia” e nem a luta pelo casamento civil.

Além disso, boa parte são candidaturas caricatas, muitas vezes utilizadas pelos partidos burgueses para “puxar” votos, e  acabam reforçando a noção homofóbica que gays, lésbicas e travestis são motivo de piada. As candidaturas também são diversificadas em termos de partidos políticos. Há candidaturas LGBT inclusive de partidos declaradamente homofóbicos, como o PRB; partidos da velha direita, como PR, PP, PSC, DEM e PSDB e partidos como o PT e o PCdoB, que agregam alguns setores do movimento, mas que na prática, não combatem a homofobia. Nestas eleições, por exemplo, um candidato a vereador do PCdoB em Porto Alegre declarou a um Portal de Notícias que “Não somos contra os homossexuais. Somos contra o ato do homossexualismo”.

Talvez o maior exemplo de que um candidato LGBT não necessariamente seja aliado na luta contra a homofobia seja a eleição do falecido Clodovil Hernandes. Em 2006, Clodovil foi eleito deputado federal, sendo o primeiro parlamentar assumidamente gay a ser eleito para uma vaga no Congresso Nacional. Eleito por uma legenda de aluguel, o PTC (Partido Trabalhista Cristão), partido de direita e homofóbico, e posteriormente mudando para outro partido de direita e homofóbico, o PR de Anthony Garotinho, Clodovil se declarava contra as Paradas do Orgulho LGBT, contra o casamento de pessoas do mesmo sexo e contra o movimento LGBT brasileiro, além de suas famosas declarações machistas no Congresso Nacional.

Deputado do PSOL diz que “criminalização da homofobia não é o melhor caminho”
Infelizmente, boa parte das candidaturas do PSOL, sob orientação de Jean Wyllys, deputado federal da sigla, têm colocado no centro programático não a política de combate à violência, mas uma política mais rebaixada: uma campanha pelo casamento igualitário. Jean Wyllys, que nunca foi ativista do movimento, por mais de uma ocasião fez duras críticas ao movimento LGBT por não priorizar a luta pelo casamento igualitário. Em entrevista à Globo News, em junho de 2012, ele afirma que “o movimento mudou a pauta no mundo inteiro, exceto no Brasil”. No entanto, Jean Wyllys esquece que o movimento LGBT organizado em países europeus, EUA, Canadá, Argentina, Uruguai, Colômbia, Venezuela, África do Sul e recentemente o Chile, dentre outros países, já conquistou a criminalização da homofobia, superando essa pauta. Como se não bastasse, pouco antes dessa entrevista, em maio, em evento promovido pela APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo), Jean afirmou que “a criminalização da homofobia não é o melhor caminho, pois priva a liberdade”. Priva a liberdade de quem? Dos homofóbicos?

Em que pese o PSOL tenha setoriais LGBT em alguns estados, com ativistas honestos, atuantes no movimento e combativos, é Jean Wyllys que tem auxiliado os candidatos na elaboração de um programa LGBT, colocando o casamento no centro da pauta. Somos defensores ferrenhos e históricos do casamento igualitário, e essa pauta se encontra no nosso programa. No entanto, estamos diante de uma escalada da violência homofóbica em nosso país, onde, segundo dados do Grupo Gay da Bahia, pelo menos 165 LGBTs foram mortos por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero, somente no primeiro semestre, um número 28% maior em relação ao primeiro semestre do ano passado. O Brasil é o país onde mais LGBTs são assassinados no mundo, enquanto os setores conservadores seguem pregando o ódio e a violência homofóbica em igrejas e na televisão. Por isso, o movimento LGBT precisa dar uma resposta política: a luta pela criminalização da homofobia deve estar no centro, e seria no mínimo irresponsável mudar a pauta.

Contra a homofobia, vote nos candidatos do PSTU!
Para nós do PSTU, a luta contra a homofobia não pode se dar de forma isolada. A criminalização dos movimentos sociais, a criminalização da pobreza, os ataques à classe trabalhadora têm um efeito ainda mais nefasto sobre LGBTs, mulheres, negros e negras. Por isso, para nós, a luta contra a homofobia é inseparável da luta contra a exploração capitalista, bem como da luta contra o machismo e contra o racismo. Fazemos uma leitura de esquerda, marxista, da luta contra a homofobia, e temos a ousadia de apontar um caminho: a transformação radical da sociedade capitalista e a construção do socialismo.

Os candidatos LGBT dos partidos da velha direita ou ligados ao governo do PT não estão de fato comprometidos com a causa LGBT, muito menos com a transformação da sociedade. Nos governos e no parlamento, esses partidos atacam diariamente a população pobre, criminalizam as greves e os movimentos sociais, vetam materiais didáticos contra a homofobia, impedem a aprovação do PLC-122/06, privatizam os serviços públicos, massacram a população negra e indígena.

A luta contra a exploração capitalista e contra toda forma de opressão é um princípio para o nosso partido. Por isso, nos programas de todos os nossos candidatos a prefeito e vereador estão presentes a defesa da criminalização da homofobia, a punição de atos homofóbicos cometidos por agentes públicos e privados, a garantia de direitos civis aos LGBTs, um sistema educacional que discuta a sexualidade em toda a sua diversidade e que combata a homofobia, um sistema de saúde estatal e gratuita que atenda às especificidades de LGBTs, bem como a luta contra o machismo e o racismo.

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Rede Globo: Xenofobia, machismo e racismo, a gente vê por aqui


Do Blog molotov

A Rede Globo de televisão é sem dúvida uma das maiores defensoras não só dos interesses mas também dos valores da burguesia nacional e do imperialismo em nosso país. E um desses valores é, sem dúvida, o racismo. Via de regra a empresa reserva aos atores negros o papel de subalternos, até mesmo porque também via de regra em suas novelas a perspectiva sempre é a da burguesia e no máximo da classe média. Só cabe ao negro então representar o mesmo papel de coadjuvante que ele exerce na vida real de acordo com a ótica dessa "gente diferenciada".

Mas o racismo da Globo não se expressa somente em suas novelas e com o povo negro. Existem outras formas dele andar de mãos dadas com seus irmãos gêmeos, o machismo e a xenofobia. O video a seguir é uma reportagem do canal Sport Tv que consegue ser racista, xenófobo e muito machista. A "reportagem" em tom de "brincadeira" vai fundo no intuito de desqualificar o povo e a cultura paraguaia. Apesar de ser de julho do ano passado nunca é tarde pra conferir o "jornalismo" global.


Deixamos registrado aqui nosso respeito aos trabalhadores e trabalhadoras paraguaios e nossa repulsa renovada à Rede Globo.

PS: O blogonauta Flipe nos chamou a atenção que a própria Globo reconheceu o desrespeito e fez seu pedido de desculpas. Procuramos o video que já não está mais no canal do Sport Tv mas existem links para ele no YouTube.

O que pode e o que não pode?

@BlUm3n4u M1L GR4U


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Porque a burguesia detesta ver a vida como ela é?

Dois programas eleitorais do nosso candidato a vereador, Giovani Zoboli 16016, foram arbitrariamente tirados do ar nesta semana. Embora a causa para a retirada de ambos os programas seja a mesma, ou seja, o fato de que dói para os poderosos serem desmascarados dentro de suas próprias casas, ainda assim, optamos por tratar em textos diferentes estes dois fatos iguais. Neste texto trataremos do programa com o caráter de Luta Operária. O programa contra as opressões tem um texto específico que pode ser lido a baixo.
Já muito se escreveu sobre o papel opressor dos meios de comunicação de massa, de modo especial a televisão. Colocada nas salas das casas como sendo uma janela para os sonhos, uma entrada para um mundo irreal, e televisão reproduz a ideologia das classes que dominam econômica e politicamente a sociedade. Nas novelas, nos programas de auditório, nos “reality shows”, e até mesmo nos telejornais, tudo é muito lindo, tudo está bem, tudo está certo. Até aqui, nenhuma novidade!

Nos horário político “gratuito” (a produção custa o “olho da cara”!) não poderia ser diferente: os candidatos financiados pelos empresários não mostram a realidade! Mostrá-la seria assumir que o capitalismo monopolizador, o imperialismo, não conseguem mais gerar a melhoria de vida para a maioria da humanidade. Mostrar a realidade seria, para estes agentes do Capital, assumir a derrota de que suas propostas e promessas são de fato mentiras eleitorais que não duram 4 anos.

Só um partido da classe trabalhadora, voltado para as lutas e mobilizações, tem a coragem de por no horário nobre a imagem de milhares de operários entrado e saindo de seu local de trabalho. Entram e saem do seu local de exploração, de extração do suor mal pago! Entram e saem cotidianamente, de forma mecânica, sem esperanças de um futuro melhor.

Mas, onde está a “coragem” em mostrar tal cena? Por que isto é tão agressivo aos olhos patronais? Por que a empresa filmada pediu (e conseguiu) que o filme fosse retirado do ar?

Mostrar esta cena implica necessariamente mostrar o nome da empresa em que a cena foi gravada, implica necessariamente mostrar a fachada desta empresa. Alguém há de perguntar: mas não poderia ser outra a empresa, tinha que ser esta? Respondemos: poderia sim, poderia ser qualquer portão de fábrica, pois em todos, a cena é a mesma. E da mesma forma, qualquer que fosse a empresa, qualquer que fosse a fachada, o recurso a arbitrariedade também seria o mesmo!

Quem tem medo da democracia?
Que nas eleições prevalece o jogo do dinheiro, que só se elege quem tem milhões para os golpes de mídia, isto também todos já sabemos! Já há muito nós do PSTU dizemos que a saída para os trabalhadores não virá pela via eleitoral. Só com organização e luta, tanto nos portões das fábricas como nos sindicatos, é que nós trabalhadores chegaremos a resolver os problemas que nos afligem no dia-a-dia. Tudo isso já dissemos!

O que nos causa estranheza e ver que a burguesia não suporta mais o peso da sua própria farsa democrática: as regras eleitorais, que não são iguais para todos, já são democráticas demais para os patrões! Não basta controlar a maioria dos candidatos com doações milionárias: precisam arbitrar também sobre os candidatos que eles não controlam pelo dinheiro!

Que mal há em mostrar na televisão a fachada de uma empresa? Que mal há em mostrar o seu nome ou o seu logotipo? Não são todos, fachada, nome, logotipo, todos, públicos? Há segredos contidos neles? Ninguém adentrou a fábrica para mostrar como se da a exploração no local de trabalho propriamente dito, ninguém adentrou sem permissão a propriedade privada (sagrada para os capitalistas), ninguém filmou segredos industriais ou patentes exclusivas.

Foram apenas imagens de locais já públicos, da rua, locais amplamente conhecidos pela população, locais que podem ser vistos a qualquer momento. Inclusive, nós do PSTU, convidamos todos a verem a fachada da fábrica no próximo final de semana: basta passar em frente e enxergarão a mesma fachada, o mesmo logotipo e o mesmo nome que foi motivo para que caçassem o programa.

Ocorre que um portão de fábrica é um perigo enorme para os patrões: ali os trabalhadores se encontram, conversam, trocam idéias, e isto é um perigo eminente! Mostrar o agito de um portão, os trabalhadores em confraternização e se organizando, isto põe em cheque as mentiras dos políticos burgueses, e também das TVs a serviço do sistema. A democracia dos ricos, que nem é tão democrática assim (pois prevalece o poder econômico), incomoda aos que tem medo de verem na TV a vida como de fato ela é! Estamos voltando aos tempos de ditadura?

E por fim, uma curiosidade: saiba o leitor que a diretoria do Sintrafite, o sindicato dos trabalhadores têxteis, tentou também ela tirar este mesmo programa eleitoral de Giovani 16016 do ar, mas não conseguiu. Agora, o patronal, conseguiu! Curioso, não acham?


Assistam o programa sobre os Operários Têxteis [censurado]

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Programa do PSTU provoca a ira dos homofóbicos

A democracia tem como característica a existência de liberdades individuais e coletivas: liberdade de organização, de manifestação, de expressão, de reunião etc. Essa é uma conquista extremamente importante, arrancada com muita luta pelos trabalhadores. Outra característica da democracia é a igualdade jurídica. Segundo esse princípio, todos são iguais perante a lei, têm os mesmos direitos e obrigações.

O Ministério Público do Estado de Santa Catarina alega que as crianças devem estar a salvo de cenas de promiscuidade, que devem se desenvolver em ambiente sadio, por isto determinou que os beijos que duraram 5 segundos fossem retirados, mas crianças são expostas todos os dias a cenas de beijos, traições, relações promíscuas e lascivas em novelas e filmes, além dos comerciais de cerveja que são conhecidos, há muito tempo, por mercantilizar o corpo da mulher, tratando-as como objeto sexual. O que na verdade o Ministério Público fez foi um ataque a democracia, que deve ser repudiado por todos os que defendem os direitos democráticos e principalmente os defensores da liberdade de orientação sexual. O que o Ministério Público do estado deveria se preocupar é com a verdadeira tragédia com que convivem os homossexuais no país devido a discriminação que sofrem.

A cada 33 horas um homossexual brasileiro foi assassinado em 2011, vítima de violência decorrente de sua orientação sexual. O Brasil lidera as estatísticas de assassinatos contra lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT), se comparado com outros países. Em 2011 foram 226 casos de assassinatos contra LGBT, significando ampliação de 118% nos últimos seis anos.

O PSOL em Joinville colocou um beijinho de meio segundo e sofreu um grande ataque homofóbico por parte de jornalistas da cidade. Isso prova que o problema maior não é como o beijo é exibido, como afirma Carlos Tonet no seu blog e sim porque é um beijo entre casais homossexuais. Os falsos moralistas tentam se esconder atrás de discursos de que não são homofóbicos, porque não gostam de ver a vida como ela é, da mesma forma que os dependentes químicos não admitem que são dependentes.

Indecência?
Indecente é ver pessoas morando nas ruas, comendo lixo, políticos roubando o povo, mulheres morrendo vítimas de violência de seus parceiros! Indecência é a miséria de muitos e riqueza de poucos!

Diante da decisão do Ministério Público do Estado de Santa Catarina em retirar o programa, o PSTU de Blumenau vai exibir o programa sem os 5 segundos de “imoralidades que tanto atacam os bons costumes da Sociedade”, mas ainda continuaremos exibindo o programa na TV e na rádio defendendo a criminalização da Homofobia e a extensão de todos os direitos dos casais Heterossexuais aos Homossexuais, além das bandeiras do movimento LGBT.

Blumenau, 19 de setembro de 2012.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O trio perdido da homofobia

Por Miguel Rios

Parecem difíceis os tempos para ser hétero. Têm alguns reclamando. Têm alguns se dizendo encolhidos, amordaçados, assustados com a ditadura gay que se instala. Não encontram mais espaço. Né assim? Passeatas coloridas, parceria aprovada, casamento civil perto, luta por criminalizar ofensas, tantos não sei pra que isso se o mundo é tão compreensivo e simpatizante à causa, né?

Tão simpatizante e compreensivo que degringolou. A coisa se inverteu, dizem por aí. A prática de homem agarrar mulher está esgotada. Ultrapassada. Quase proibida. Né isso? A heterossexualidade está virando a nova veadagem. Indo para o armário. Duvida?

Prova 1. Se o casal hétero agora sai à rua, de mãos dadas, no abraço, acaba agredido, escuta logo o grito: “Vamos acabar com essa heteroagem. Tenham vergonha!” Né dessa forma?

Prova 2. Quando se desconfia que um cara curte mulheres, o seguem, e, na covardia, quebram lâmpadas na cara dele, o espancam com soco inglês. Não tem sido assim?

Prova 3. Se a garota dá um beijo no namorado em algum bar já os convidam a sair, que é para não expor os clientes a tamanha nojeira. Verdade ou mentira?

Com tantas provas cabíveis, é preciso coibir tais injustiças, né não? É necessário mais orgulho nessa heteroagem, prática desmerecida e perseguida, para assegurar o privilégio exclusivo de ser a única orientação normal e divina. De se manter paradigma.

Daí o ódio combativo. Ser homofóbico, dizem, é coisa natural. Como ser racista, como ser machista. Para se proteger, impedir a censura, garantir o livre pensar. Sustentar a primazia.

Imagine quando se assinou a Lei Áurea. Negros livres do peso do chicote. Como foi complicado e injusto para um racista viver sem açoitar, não é? Ver aquelas pessoas que tratava como propriedade, como bichos, como coisas, agora soltas, sem lhes dever obrigação.

E os movimentos de direitos humanos ganhando força, buscando igualdade cada vez mais. Lei contra o racismo aprovada. Nem poder mais humilhá-las, ofendê-las podia. Como foi duro para um racista, né mesmo?

A ditadura negra cresceu, dominou e agora os brancos amargam a inferioridade, os maus-tratos, agora escutam que se não cagam na entrada, com certeza na saída. Não bate uma pena do coitado do racista desamparado?

E o machista então, diante da mulher dona de si. Imagine o que é não aplicar mais um corretivo na companheira. Vê-la votar, trabalhar, estudar, virar doutora, se emancipar, se proteger, garantir que seu agressor seria punido, Lei Maria da Penha nele, se eleger presidenta. Árduo para o machista, humilhante, né mesmo?

E os sulistas e sudestinos se enfurecendo com os atuais investimentos no Nordeste. Cobertos de razão, né? E a elite com náusea da ascensão das classes C e D, que não conhecem mais o lugar delas. Está certa, não concorda?

Direitos iguais? Que ruim, né? Como se tira de alguém a supremacia racial, econômica, sexual? Como é que pode?

Como se não bastassem negros e mulheres com suas ferozes ditaduras, agora vêm os tais LGBTs, que na cabeça familiarmente correta, sacrossantamente fundamentalista, não passam de veados e sapatões, sem a menor diferença, tudo a mesma coisa, que se resume em safadeza, doença mental, invenção do diabo. Aonde vamos parar, né?

E o que sempre foi ódio passou também a medo. Medo que é falacioso, mas que contamina, se implanta, convence, ganha corpo, ares de real. Medo de que o mundo se torne gay. De que se o garoto ver dois barbados se beijando na novela vá beijar o colega na escola. De que a menina passe a acariciar mais e mais a melhor amiga, pois a pop star se pega com a dela. De que bebês parem de ser gerados e venha o extermínio.

Conclusão: a heterossexualidade é frágil, só uma máscara, não suporta concorrência. Requer esforço sobre-humano para segurá-la viva ou vai se acabar. As outras seriam as orientações dominantes. Sufocadas por milênios para que não cobrarem o seu lugar de homo superior. Hora da reviravolta. É esse o roteiro, meio X-Men?

Ignorância dos homofóbicos. Sabem de ouvir dizer. Sabem pela cartilha do senso comum. Sabem sem saber. Sabem é transformar arrogância em lamento, preconceito em pretenso direito. Não sabem é como pensar fora do quadrado. Só sabem é usar a arcaica técnica de confrontar rebelados: atacar com violência e desmerecimento.

Raciocinam assim: Para que aceitar os gays? Por que eles não ficam nos guetos onde sempre estiveram? Por que precisam se mostrar à luz do dia? Para que querem ser família? Ser iguais a nós? E o direito de insultá-los?

Às escondidas, até deixam existir. Amando longe dos olhos normais, se sentindo errados. Aguentando calados qualquer piadinha, qualquer indireta. Assim, garantem, não existe segregação. Assim, juram, não há homofobia. Basta os pervertidos se comportarem como devem, cabisbaixos. Digno, né não?

Por muito tempo funcionou e ainda funciona até. Teve quem, por covardia, submissão, falta de escolha, aprendesse direitinho a lição. Se tem que ser gay, que seja o mínimo possível, o menos pintoso. Se tem que ser lésbica, que seja bem feminina. Para não chocar, para transitar melhor, não fazer vergonha.

Foi tão forte adestramento, tamanho bombardeio, que tantos acabaram obedecendo, odiando os do mesmo barco, se dobrando, catando as migalhas atiradas pelo ódio.

Ódio que, à caça de vítimas, tem vários nomes, um deles homofobia. Que, astucioso, para se legitimar, se passa por liberdade de expressão, defesa de valores. Que, velho de guerra, apela ao apocalipse, à ira do céu. Mas que, denunciado e nas últimas, como barata emborcada, esperneia para sobreviver a cada trio que passa e o deixa para trás.

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