sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A NOVA CONJUNTURA NACIONAL DE LUTAS E SUA CHEGADA EM BLUMENAU: DÚVIDAS A SEREM RESPONDIDAS PELO TEMPO!

Clausmar Luiz Siegel, operário petroleiro e militante do PSTU.

Que o mundo vive um clima convulsivo já há alguns anos, isso já é consenso! Os fatos no Norte da África, no Oriente Médio e na Europa não permitem qualquer dúvida. Mas que o Brasil chegou, ou pelo menos caminha em direção a este estágio, ainda há quem relute em aceitar. Para nós do PSTU, as “Jornadas de Junho” (parece que é este o termo que melhor descreve aqueles gloriosos dias) somadas aos dois dias de intensa mobilização sindical (11/07 e 30/08) por parte da Classe Trabalhadora já dão sinais claros e evidentes de que em breve estaremos respirando os ares que sopram do Oriente supra-equatorial.

Mas, o que nos chama a atenção não é esta constatação pura e simples, nem mesmo a polêmica sobre até que ponto ela é verdadeira ou não. Estamos convictos de que a tendência é de um aumento das lutas nos próximo período, e quem viver, verá! Precisamente, o que nos chama a atenção é a repercussão que estes fatos vindouros trarão sobre Blumenau: convidamos o leitor a fazer conosco um exercício de análise. Assim, com este “espírito”, sinta-se a vontade o leitor que quiser polemizar sobre este tema em nosso blog local.

Neste início de ventania, notamos que o movimento sindical blumenauense está desunido: nenhuma central sindical consegue dizer que possui maioria, ou hegemonia (como preferem os adeptos de Gramsci), no sindicalismo local. Há uma pluralidade enorme de visões políticas e de interesses econômicos locais que dificultam a unidade sindical nas ações mais gerais aqui nas terras do Sr. Hermann Bruno Otto.


A CUT, maior central brasileira, não se organiza localmente, ainda que possua boa parte das filiações sindicais: SINTRASEB, SINTE, SEEB e Sindimetalúrgicos. Falta-lhe o principal: a adesão política de algumas destas diretorias, fazendo com que as filiações sejam meramente cartoriais. A diretoria do SINTRASEB e a maioria da direção regional do SINTE são ativas defensoras da CUT, mas nos metalúrgicos este empenho já não é forte!

Surpreendeu o fato de que no site no SEEB (http://www.bancariosblumenau.org.br/site/noticia.php?cod=1912) convocava a mobilização do dia 30/08 se utilizando da resolução da Executiva Nacional da CUT de 22/08, que por sua vez desvirtuava o próprio caráter da atividade. Desvirtuava na medida em que centrava fogo no PL 4330, e sabemos todos que a CUT mentia ao afirmar que este seria o mais importante motivo da luta de 30/08!!!! A surpresa surge do motivo que teria levado a diretoria do SEEB a se utilizar deste chamado recuado e mentiroso da CUT: qual seria? Por que não se utilizou de uma fonte não cutista e que refletisse o real motivo da mobilização, como por exemplo de algum material da INTERSINDICAL*, com quem a diretoria do SEEB tem afinidades políticas? Estaria a diretoria do SEEB fazendo com que este sindicato volte ao aglomerado cutista?

A CTB e a Força Sindical continuam sem forças na cidade: embora que com simpatizantes em várias categorias, e CTB em Blumenau sofre as conseqüências da crise da direção do PCdoB por seus devaneios na eleição de 2012. E a UGT, ainda que possua dois importantes sindicatos filiados (comerciários e têxteis), também não aparece com uma central organizadora e ativa, e pelo mesmo motivo que a CUT também não aparece: as filiações são meramente protocolares, e não políticas “a vera!”

Analisando o SINTRAFITE surge uma segunda dúvida: até que ponto este sindicato está realmente e politicamente filiado a UGT? Trazendo assessoria política da INTERSINDICAL* para o ACT/2013, cabe perguntar: continua a diretoria do SINTRAFITE ligada a UGT?

Como vemos, a organização dirigida pelo Sr. Mané Melato é a grande incógnita blumenauense para este recém nascido período de lutas: tanto SEEB como SINTRAFITE se mostram titubeantes em relação a esta organização! E por último, a constatação de uma lamentável lacuna neste espectro político-sindical local: a ausência de uma nova força no cenário das classes populares que lutam neste país, o MPL. Se este movimento esteve presente nas mobilizações de junho (e anteriores ainda), mais recentemente sumiu de cena.

De nossa parte, da parte do PSTU, continuamos a incentivar a CSP-Conlutas em Blumenau nas categorias dos correios e operários têxteis. Ainda que com pouca expressão local, temos o orgulho de construirmos em Blumenau esta organização combativa e desburocratizada da classe trabalhadora.

E o SINSEPES? E o SINDETRANSCOL? E o SITICOM? E o SINTEVI? Como se posicionam?
De qualquer forma, tendo em vista o aumento das lutas, o aumento de mobilizações, e quiçá até mesmo uma Greve Geral como aquelas que foram feitas na década de 80, estas dúvidas com certeza desaparecerão! Pois não há nada, absolutamente nada, que a Luta de Classes e a Revolução Permanente não resolvam: ainda que tardiamente, mas hão de resolver!

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* A “INTERSINDICAL” a que nos referimos é a liderada pelo sindicato dos metalúrgicos de Campinas – SP (www.intersindical.org.br), e não a “INTERSOL” (www.intersindical.inf.br). Note o leitor que ambas possuem o mesmo nome, e faz-se necessária a diferenciação política. A segunda inexiste em Blumenau.