quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Oktober sem machismo

Fonte: Santa
Hoje a cidade está comemorando a 33ª Oktoberfest, onde o município abre as portas para o resto do Brasil e do mundo como sendo um pedacinho da Alemanha. Mas aqui é Blumenau e as mulheres que sofrem com o chicote machista não tem do que comemorar.

São comuns os casos de assédio que as mulheres sofrem dentro e fora da Vila Germânica. Os casos de estupros e homicídios que não aparecem na mídia, ficam ecoando nas histórias dos que vivem aqui. Qualquer mulher que vai à festa está sujeita a cantadas vulgares e ter suas partes apalpadas por jovens rapazes. É comum os homens competirem entre si no objetivo de agarrar mais garotas, naturalizando a cultura do estupro, enraizada desde a escravidão e abusos sofridos pelas mulheres negras, que hoje busca culpar a mulher e não o estuprador.


A propagada publicitária da Schin (de 2015) que foi proibida de passar na televisão mostra bem o caráter que a festa tomou e o público alvo que tenta atrair, onde as mulheres são o principal atrativo da festa servindo aos desejos dos homens brancos que são os consumidores principais.

Um coletivo de mulheres chamado Casa da Mãe Joana merece nossos elogios, em meio ao conservadorismo tradicional do "vale europeu" surge uma voz feminina firme dizendo basta de machismo, não vamos aceitar isso! As suas ativistas dedicadas, através de colagem de cartazes e protestos, conseguiram furar o bloqueio da mídia e chamar a atenção para o problema.

Mas temos alguns pontos de vistas diferentes sobre a saída para o problema, a questão do empoderamento da mulher, que muitas apresentam como alternativa, não ataca o machismo de fundo. Um exemplo bem claro é o que se passa na Europa com o drama dos refugiados da África e Oriente Médio que são barrados e abandonados pela União Européia comandada por Angela Merkel, chanceler da Alemanha.

Pois, no capitalismo, a ideologia machista tem uma base material que é a super exploração das mulheres nas duplas e triplas jornadas de trabalho. Isso beneficia os patrões que vêem suas remeças de lucro aumentarem cada vez mais. Por exemplo, com o trabalho doméstico, que na prática, é um trabalho não pago, a mulher cuida de toda a manutenção da força de trabalho e garante a produção da prole que será a futura geração de trabalhadores. Enquanto a mulher burguesa não sente o machismo da mesma forma, pois desfruta de muitas facilidades proporcionadas pelo luxo e riqueza. Não basta ser mulher, tem que defender os interesses das trabalhadoras.

Nossas diferenças seguem na questão do governo. Os escândalos de corrupção que inundam o noticiário mostram que o PT se igualou aos partidos da direita tradicional, sendo financiado pelos grandes banqueiros e empresários e governando para os grandes capitalistas nacionais e norte-americanos. Por isso, a Lei Maria da Penha, que foi criada a dez anos e é considerada uma das melhores legislações do mundo, mas por falta de investimentos, pouco tem servido para diminuir a violência doméstica contra as mulheres. Em 2015, o Brasil, governado por uma mulher, se tornou o 5º país do mundo onde mais mulheres são assassinadas, muito mais que na Síria que está em guerra há anos!

A instabilidade econômica que vivemos, fruto da crise e da decadência capitalista potencializa ainda mais os riscos, pois a falta de investimento em programas de apoio e o aumento do desemprego acentuam a vulnerabilidade, enquanto que o endividamento das famílias, as perdas de direitos, a ameaça de desemprego, etc., pressionam as relações familiares aumentando a insegurança das mulheres. Não podemos esquecer que não é só na rua que elas se tornam vítimas de violência sexual. A maior parte dos casos de estupros ocorrem dentro de casa ou ambientes fechados e por conhecidos, justamente onde se supõe que as mulheres deveriam estar protegidas.


A luta contra o machismo, contra a cultura do estupro e a violência contra as mulheres é parte da luta de toda a classe trabalhadora, homens e mulheres, contra os patrões e seus governos que atacam nossos direitos. Só uma saída socialista que coloque um fim à exploração e à opressão pode libertar a humanidade de tantas dores e sofrimento.

As mulheres precisam continuar nas ruas para serem ouvidas: a culpa do estupro é do estuprador, não é da vítima. A culpa do estupro não é de quem denuncia!

- Oktober sem machismo!
- Basta da cultura do estupro! Nenhuma mulher merece ser estuprada!
- Aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha!
- 1% do PIB para as políticas de combate à violência as mulheres!
- Fora Temer, Fora Todos que atacam as mulheres!

LEIA MAIS: Dilma não caiu pelo machismo, mas porque traiu as mulheres trabalhadoras

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

PSTU CHAMA VOTO NULO EM BLUMEMAU: FORA TEMER, FORA TODOS ELES!!

Mais uma eleição está aí e o que vemos é o mesmo de sempre: candidatos sorridentes, esbanjando apertos de mão e tapinhas nas costas, disparando mil promessas e querendo aparecer como uma alternativa de mudança, um novo caminho, um novo jeito de governar, mas que não rompem com os interesses dos ricos e poderosos. Esse é o velho clichê. Depois de passadas as eleições, os candidatos somem do meio do povo e se escondem em seus escritórios, que são, na prática, verdadeiros balcões de negócios.

Durante a campanha, é muito comum ouvir dos candidatos reformistas o discurso de "Governar para todos". Chegam a propor o plano "Blumenau de todos nós" (PCdoB e PSOL), com a mais ampla sinergia entre empresários e trabalhadores. Isto é a síntese da farsa de que é possível conciliar os interesses de classes antagônicas, já que a maioria da população sempre foi o povo pobre e trabalhador e, mesmo votando, a condição de vida continua difícil.


Aqui em nossa cidade temos um exemplo bem claro: na última eleição*, a Cia Hering financiou três dos quatro candidatos - Napoleão (PSDB), Jean (PSD), Ana Paula (PT). Essa inocente ideia de conciliar interesses opostos, transformou o Partido dos Trabalhadores - que antes era operário e, hoje, é dos patrões - em um partido igual e sujo como os da direita tradicional.

A cara de pau destes candidatos é tão escancarada, que o governador Colombo (do PSD de Jean Kuhlmann), que pediu voto para Dilma na última eleição (mas, agora, apoia Temer), tem em sua coligação, entre outros, o PDT (de Ivan Naatz) e o PCdoB (de Arnaldo Zimmermann). O próprio Ivan Naatz (PDT) foi líder do governo Napoleão (PSDB) nos primeiros meses de mandato.

A "salada" de coligações, que só servem para aumentar o tempo de televisão e ganhar mais votos, fez partidos como o PMDB - que estava aliado ao candidato Jean Kuhlmann em 2012 e com Dilma em 2014 - estar de mãos dadas com Napoleão este ano.


Como podemos observar, quando os interesses do patrões estão em jogo, estes candidatos estão sempre juntinhos. Isso porque os patrões têm eles no bolso. E o cenário é exatamente igual a nível nacional: Dilma (PT) e Temer (PMDB), unidos até dezembro de 2015, quando se iniciou o processo de impeachment. Dilma não foi retirada da presidência por sua “má” administração do estado burguês brasileiro, mas pelo simples fato que, depois de atacar direitos trabalhistas, como o Seguro Desemprego e o PIS, e anunciar nova reforma na Previdência (semelhante a que Temer quer fazer), perdeu sua capacidade de enganar e manipular trabalhadores e movimentos sociais e, junto com isso, perdeu também seus fieis aliados dentro de nosso corrupto Congresso. Tanto que estes mesmos aliados a retiraram do cargo, para que Temer aplique os "ajustes", custe o que custar.

Em meio à crise política e econômica que se aprofundou pelas ações do próprio partido, o PT posa de vítima, argumentado que sofreu um “golpe”. A tese do golpe, porém, não se sustenta. Até o PT sabe que não houve golpe. Basta observarmos as coligações do próprio PT com os “golpistas” PMDB, PSDB e DEM em mais de 1600 cidades país afora. Mas, então, para que serve essa tese de golpe?


Apenas para tentar esconder os erros do PT e passar a imagem de um governo popular, que criou o Bolsa Família e tirou tanta gente da miséria, sendo perseguido por ser bom demais. Não nos enganemos: Temer vai continuar o que Dilma não terminou. O único golpe que existe é contra o trabalhador desempregado, desvalorizado, explorado e oprimido.

Existe uma grande confusão na mente dos trabalhadores, provocada pela cúpula do PT, de que lutar pelo “Fora Temer!” significa “Volta Dilma!” ou "Volta Lula!". Isto também não faz parte de nossa política. Dilma, assim como Eduardo Cunha, já foi tarde demais! A ruptura da classe trabalhadora representa o fim de uma experiência trágica de alianças petistas com a burguesia e sua superação abre espaço para que novas mobilizações massivas aconteçam, abreviando definitivamente qualquer ação contra nossos direitos. Por esta razão, defendemos que os trabalhadores promovam uma greve geral pelo "Fora Temer! Fora todos eles!"

Frente a toda essa situação, o PSTU defende eleições que tenham regras realmente democráticas, sem financiamentos burgueses, sem a participação de “fichas-sujas”, para construirmos uma alternativa socialista, baseada em conselhos populares, de mandatos revogáveis e prestações de contas sem “jeitinho brasileiro”! E, para além das questões eleitorais, nosso programa defende atenção especial aos setores mais oprimidos de nossa classe: mulheres, negros e LGBTs precisam ser tratados com dignidade e respeito, além de igualdade salarial. Para mais informações, acesse: http://programa.pstu.org.br/



Entendemos que as eleições não são capazes de mudar a vida da classe trabalhadora e, por este motivo, não usamos como caminho principal, mas como tática para denunciar as insanidades cometidas por este sistema falido, opressor e desigual. Vemos no processo eleitoral um jogo de cartas marcadas, completamente antidemocrático, que não garante a participação de todos os candidatos nos debates e divide o tempo de televisão de modo díspar.

É urgente a necessidade de uma alternativa classista para os operários. Diante das velhas coligações de direita e o projeto reformista petista, uma alternativa de esquerda revolucionária é a única saída para a classe trabalhadora. Precisamos organizar os operários em seus locais de trabalho, sindicatos, escolas e bairros, nos libertando de fato das mazelas do capitalismo. Em Blumenau optamos por não lançar candidaturas. Tampouco convocaremos os trabalhadores a votar de “maneira crítica” em algum dos cinco candidatos apresentados, por entendermos que nenhum deles assumiu compromissos concretos com os trabalhadores. Chega de falsas promessas, chega de exploração e opressão!

Esclarecemos que, votar nulo não é se abster, se omitir ou “ficar em cima do muro”, como pensam alguns; muito pelo contrário: acreditamos que temos o direito de escolha, que vai muito além desse processo, temos o legítimo direito de decidirmos, a partir de um critério de classe, política e ideologicamente fundamentado, de não sermos coniventes com os que apenas se aliam por oportunismo ou se dividem para dominar e se perpetuar no poder. Somos trabalhadores/as e não somos ingênuos, sabemos de que lado estão nossas bandeiras e, com certeza, estas não estão presentes em nenhum dos projetos apresentados.

Por isso, acreditamos que votar nulo, nesse momento, é dar um basta a essa lógica retrógrada e à politicagem que está por todos os lados; é, acima de tudo, afirmar que temos alternativa: a de dizer NÃO a quem não nos representa e permanecer na luta diária por uma sociedade justa, apostando num projeto de classe que comece por lutar POR UMA CIDADE PARA OS TRABALHADORES. Por isso, reafirmamos com convicção, nestas eleições municipais: Trabalhador, no dia 02 de outubro, VOTE NULO!


*O TSE ainda não divulgou dados desta eleição.