sexta-feira, 6 de julho de 2012

Blumenau: Cidade de contrastes

GILMAR DE SOUZA
Blumenau concentra o maior número de ocupações irregulares e moradias em condições precárias de Santa Catarina, segundo o IBGE

Um primeiro lugar em um ranking que não deve ser comemorado. Blumenau é a cidade de Santa Catarina com mais domicílios em aglomerados subnormais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O termo é utilizado para moradias que estão agrupadas em regiões carentes de serviços públicos essenciais, como abastecimento de água, disponibilidade de energia elétrica e saneamento básico. Além disso, também integra casas construídas em terrenos públicos ou particulares de forma desordenada.

Segundo o Censo Demográfico 2010, são 6,8 mil domicílios nessa situação em Blumenau, divididos em 17 regiões precárias – o que equivale a 6,7% do total de moradias particulares na cidade. Nesses locais, moram mais de 23 mil pessoas, em uma média de 3,4 moradores por domicílio. Florianópolis, segundo lugar no ranking estadual, tem 5.027 aglomerados com cerca de 17 mil moradores.

Os dados foram levantados por técnicos do IBGE e das prefeituras. A intenção, ao fazer o recorte, é detalhar as principais necessidades dos municípios no quesito habitacional e localizar, geograficamente, os focos de ocupações irregulares.

O estudo mostrou, por exemplo, que a Rua Pedro Krauss Senior, no Bairro Vorstadt, é o ponto da cidade com o maior número de domicílios em situação precária: 551 no total. Já o Loteamento Sol Nascente, no Bairro Ponta Aguda, é o que tem mais moradores, reunindo 4.136 pessoas. O levantamento analisou ainda a condição de quatro serviços essenciais nas residência: abastecimento de água, esgotamento sanitário, destino do lixo e energia elétrica.

O problema mais comum para os moradores é a rede de esgoto inadequada – cenário que se repete em todo o país, conforme o IBGE. Das 6,8 mil casas irregulares de Blumenau, apenas 2,6 mil têm rede geral de esgoto. Uma análise mais aprofundada mostrou ainda que mais de 400 famílias jogam os dejetos em valas e 240 em rios ou lagos.

Em cinco casas, os moradores relataram não ter nem sequer banheiro ou sanitário.

Políticas habitacionais são negligenciadas, afirma especialista

O segundo serviço mais precário na cidade é a energia elétrica. Apesar da grande maioria possuir medidor de uso exclusivo no domicílio, em nove das residências não há energia elétrica.

Professor de ciência política do curso de mestrado em Desenvolvimento Regional da Furb, Oklinger Mantovaneli Júnior diz que o problema das regiões precárias é comum a todos os municípios. A oferta de emprego estaria relacionada diretamente a esta situação.

– Blumenau é uma cidade que oferece diversas oportunidades de trabalho. Porém, o emprego não é o único indicador de qualidade de vida. Se discute pouco o assunto sobre políticas públicas habitacionais. Não está se pensando no futuro – comenta.

Somente nos últimos 10 anos, a população de Blumenau aumentou 18%, chegando hoje a 309 mil habitantes. A Secretaria de Regularização Fundiária e Habitação afirma que o combate à ocupação desordenada na cidade ganhará novo fôlego este ano, com a aprovação do Plano Municipal de Habitação, em elaboração desde 2010.

tatiana.santos@santa.com.br
TATIANA SANTOS
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