sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Fragmentos da história do PSOL de Blumenau (sob a ótica do PSTU, claro!)

Obviamente, começar a escrever a história de um partido político em uma cidade é uma tarefa meticulosa se o desejo for realmente o de registrar os fatos para o futuro: não é o caso deste texto! Aqui a pretensão não é outra senão polemizar em torno das qualidades e defeitos do PSOL! Pedimos aos leitores que, por favor, dêem as suas opiniões sobre o que aqui está escrito, fins possamos melhor analisar e entender os fatos sobre este partido que a cada dia adquire maior importância no cenário eleitoral brasileiro, e possivelmente também terá grande importância eleitoral na nossa cidade em tempos vindouros. De modo especial, as pessoas aqui citadas poderiam se manifestar, inclusive expondo as suas divergências com o próprio texto!

Para melhor nos expressarmos, tomamos a liberdade de dividir os fatos em quatro períodos cronológicos, o que não significa que os períodos não tenham uma profunda ligação entre si: tem sim, principalmente no que tange as causas de tantas mudanças de rumo em tão pouco tempo.

Seguindo o exemplo do PSOL nacional, o PSOL blumenauense também já foi várias vezes visto em cenas explícitas de fratricídio político. Aliás, nada a se estranhar para um partido com raízes na classe trabalhadora (portanto, um partido dos explorados desta sociedade) e que se organiza nos moldes da democracia burguesa (portanto, pelo modelo opressor desta sociedade): notem que a contradição é infinita, e só poderia terminar em autofagia! Senão, vejamos:


1) A fundação da sigla em Blumenau deu-se logo em 2005/6 com a entrada de dois grupos de origens bem diferentes: um deles, menor e com menos experiência política, egresso da JPMDB; Este grupo era liderado pelo jovem Eliomar Russi, hoje ocupando cargo de confiança no governo Napoleão (PSDB), o que revela que a “ideologia” e o interesse no PSOL não eram muito compatíveis com esta sigla de oposição de esquerda ao PT. O outro grupo, composto por militantes desde a década de 80, trazia um número razoável de ex-petistas que se auto definiam como marxistas, alguns até mesmo como leninistas, quase todos com expressivas passagens pelos movimentos estudantil e sindical. Este agrupamento tinha duas referências principais: o ex-sindicalista metalúrgico Almir da Silva e o ex-candidato a vereador (bem votado em 2004) Valdecir Menguarda. Note, portanto, tratar-se de um grupo mais afinado com o que era o caráter do PSOL em seu berço: um racha à esquerda do PT.

Para espanto dos observadores, os dois grupos entenderam-se muito bem entre si, apesar de suas diferenças de passado. Mas, para espanto ainda maior, desentenderam-se mesmo foi com o PSOL, mais precisamente com as direções estaduais e nacionais da sigla “socialista e libertária”: mal fizeram a campanha de Heloísa Helena para a presidência da república e não moveram sequer uma palha por qualquer outra candidatura de seu partido naquelas eleições! Como punição, foram calados pela direção nacional do PSOL por dois anos, o que fez com que se retirassem da sigla. Migraram unidos para o PDT, e de lá, finalmente racharam em duas fatias (correspondentes aos grupos iniciais). Hoje, um grupo simplesmente já nem mais existe, e o outro (com ligações familiares e políticas), faz parte do PMDB e ocupam cargos no governo.

2) Depois, surgiu a liderança de Dari Diehl: honesto, proveniente de uma sigla ainda mais a esquerda do que o PSOL (havia sido nosso principal porta-voz e também dirigente), mas portador de um grave defeito para quem aspira um cargo político pela via eleitoral burguesa: sem a capacidade de aglutinar em torno de seu projeto.Foi este o período em que o PSOL blumenauense mais se aproximou do projeto fundacional da agremiação: a candidatura Dari para prefeito (2008) teve uma campanha de caráter classista! E mais: ainda melhor que o próprio perfil nacional do partido, a campanha de Dari foi militante. Nós do PSTU nos orgulhamos de termos colaborado com aquela campanha. Mas, também devido a desentendimentos com as direções estaduais e nacionais, Dari acabou rompendo com o PSOL, na busca de um projeto eleitoreiro mais rápido. Buscou o PT, possivelmente confiante na vitória de Ana Paula nas eleições de 2012: ledo engano!


Já durante o período em que Dari liderava a sigla, os nome de Hartmuth Kraft e Osni Wagner faziam parte da lista de Psolistas blumenauenses, ainda que de uma forma tímida. Ambos também egressos do velho e combativo PT da década de 80 compunham com Dari aquilo que ousamos chamar de “tríade marxista” do PSOL de Blumenau. Harmuth, um líder sindical metalúrgico, e Osni, um professor com passagens diversas (algumas honrosas, outras nem tanto) por vários movimentos sociais, culturais, etc... Com a saída de Dari, a dupla passou a liderar o partido.

3) Inicialmente apresentaram-se com a seguinte conformação: Hartmuth para candidato a prefeito e Osni como presidente da sigla, uma dupla bem afinada entre si. Nós, do PSTU, após algumas conversas, concluímos que seria positivo que nos aliássemos, haja vista que Harmuth se comprometia em fazer uma campanha a serviço da classe trabalhadora e sem nenhuma ligação com os empresários e seus diversos partidos. Para nosso espanto, poucos dias antes do registro de candidaturas, o PSOL troca de candidato a prefeito: entra Osni na vaga de Hartmuth. Por motivos internos ao PSOL, tal troca foi feita as pressas!

Nós, do PSTU, tínhamos preferência pela candidatura operária, mas como Osni também se comprometera com os mesmos princípios, com o mesmo perfil e programa classista que Harmuth havia se comprometido, não havia motivos para que o PSTU rompesse a aliança entre as duas únicas siglas da classe trabalhadora local. E aí, fomos nós que nos enganamos: nas últimas semanas, de modo especial nos últimos dias da campanha eleitoral, Osni Wagner passa a se comportar com uma bengala de apoio a candidatura petista de Ana Paula Lima! A candidatura que deveria representar os trabalhadores se tornou uma candidatura auxiliar da burguesia! Quanto a este fato, já é pública a nossa autocrítica postada aqui neste mesmo blog.

Agora, recentemente, há dois ou três meses passados, também Osni viu-se as turras com as direções estaduais e nacionais do PSOL (note que isto tem sido uma constante nas relações PSOL local e PSOL nacional). Não sabemos exatamente os motivos, mas Osni sofreu sansões, e a partir disso também se retirou do partido. Notícias mais recentes dão conta de que Osni se aproxima do PCB.

Em resumo, foram três direções municipais do PSOL que se retiraram da sigla em conseqüência de mal entendidos com as direções estaduais e nacionais, e isso em parcos 09 anos de existência! Somos forçados a perguntar: será culpa dos dirigentes locais? Se “sim”, então o que há em Blumenau que dificulta a direção local deste partido? Ou será culpa das direções estaduais e nacionais psolistas? Se “sim”, então por que o mesmo não acontece em outros municípios e estados?

Ou ainda, será culpa desta estrutura estranha para um partido que se propõe ao socialismo: a estrutura de priorizar o eleitoral sobre as lutas diretas, a estrutura de submeter-se ao calendário eleitoral como sendo a única atividade de disputa do poder, de querer dizer que se chega ao socialismo pela via eleitoral. Em poucas palavras, esta utopia reacionária que é via unicamente institucional para derrubar as instituições: uma mentira! A culpa de tanta desavença é desta utopia reacionária!

4) Agora, uma quarta liderança aparece para dirigir o PSOL local: trata-se do jovem Hugo Voigt. Ainda que inexperiente na luta externa ao seu partido, já viveu boa parte destas intrigas internas, e parece saber como se comportar para manter-se no poder. Quem viver, verá, ou não!!!!

5 comentários:

  1. O PSOL passa por transformações internas para melhor responder as perspectivas da classe trabalhadora se o primeiro grupo não consegue honrar as candidaturas de seu próprio partido e quando se vê sem espaço dentro do partido segue para o maior partido da burguesia nacional mostra que esse grupo não tem compromisso algum com o socialismo. Dari Diehl mostra quase o mesmo caminho fazendo um ciclo (PT-PSTU-PSOL-PT) sai de um partido que rompe com os interesses dos trabalhadores ao chegar ao poder e retorna para o mesmo também pode se considerar um bom ator, mas não uma pessoa com uma ideologia definida. Osni apesar de problemas com sua candidatura a prefeito qual foi o motivo das desavenças com a diretoria estadual mostra-se único firme a sua ideologia e história e busca um partido o qual é referencia histórica na luta pelo socialismo o PCB. Evitar sucessivos erros antigos aqui citados é o principal motivo das expulsões agora a novos erros que podem surgir, mas resta apenas concordar com a ultima frase que viver vera ou não mas esperamos agora ter encontrado o caminho para realmente estar junto a luta dos trabalhadores.

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  2. Lembro de ter participado da primeira fase desta história, quando saímos coligados com o PSOL em 2006. Depois disso não acompanhei mais, mas o ciclo ficou bem exposto, com as palavras bem medidas, parece que consigo ver o Dari no PSOL (haha) e depois voltando para o PT. Saudade do Dari no PSTU, o cara mandava bem prá caramba. Mas o oportunismo fala mais alto, né?
    Temos que fazer um texto assim aqui em Joinville a respeito da Esquerda Marxista, Ôh gente difícil!

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  3. PSTU, o problema do PSOL é a APS, Na realidade eu pedi a desfiliação ao ver que estavam utilizando algumas equivocadas notas públicas que surtiram de forma negativa para o ex-candidato a prefeito. Na interna do PSOL nunca me alinhei a APS, como são a majoritária e o congresso em 2013 decide nova direção a retalhação da APS estadual em SC por parte do Casamão, não era esperado o que me assustou foi o Hugo se deixar usar pelo presidente estadual e pior o PSTU de certa forma estar contribuindo para esse desfecho negativo para a esquerda. Acho que a avaliação do PSTU sobre a piada que fiz ao Napoleão que ele seria um ótimo secretário não foi entendida, eu quis dizer que ele não seria um bom prefeito e nisso acho que vocês de esquerda concordam comigo. O que faltou no processo eleitoral em 2012 foi mais dialogo, a forma que o PSTU se apresentou na aliança com o PSOL desde o inicio foi equivocada, não tínhamos de fato uma aliança e deu no que deu ficou insustentável. Sobre o PT e Ana Paula bati forte na questão da Federalização da FURB, critiquei o problema da ponte do Badefurt que tem indícios de desvios de dezenas de bilhões. Defendi a criação de uma empresa pública estatal municipal a partir de um fundo próprio para se criar o transporte público gratuito. Fiz defesa de Educação, Saúde de qualidade, critiquei que o projeto 2050 não tem contemplado a área social, defendi a verticalização habitacional para evitar a ocupação de áreas de risco e vulnerabilidade. A minha postura não foi agressiva no sentido de um discurso inflamado, tenho uma concepção classista pluralista em unificação de anarquismo, socialismo e comunismo da cultura classista dos proletários.

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  4. Acho que aconteceram coisas negativas no processo eleitoral, o debate sobre como atuar deve ser mais profundo deixar para o ano da eleição é improvisar. Coloco como pontos positivos - negativos o que aconteceu em Blumenau em 2012. Espero que sirva para fazer uma avaliação para o futuro, que a esquerda de fato faça aliança. Caso contrário ficam digladiando em cima de fatos que a burguesia colocou e por isso pedi a desfiliação do PSOL, um partido precisa estar acima das disputas ao poder. Sem a grandeza de um verdadeiro debate democrático não podemos construir a transformação que a cidade, estado, país e mundialmente precisa para inverter a ordem do capitalismo para o socialismo. http://movimentooperarioestudantil.blogspot.com.br/2013/10/analise-critica-do-partido-2012.html

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